FALTA DE VALORES E LIMITES: UM APELO À BARBÁRIE E À DESTRUIÇÃO DA SOCIEDADE

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Os brasileiros vivem tempos muito difíceis. Há um sentimento controverso no ar, que mistura valentia com bravata, esmola com auxílio e naturalidade diante de tudo o que não é natural para uma sociedade civilizada.

A violência tem como um de seus componentes pretensa superioridade de um ser sobre o outro, ou uma condição que pressuponha isso.

No caso escabroso envolvendo um médico anestesista no Rio de Janeiro, a redução da vítima a uma condição de vulnerabilidade expõe claramente o que se afirma.

Uma pessoa indevidamente entorpecida é alvo de um tipo abjeto de violência, que causou repulsa a todos na sociedade, principalmente pela condição, outrora sagrada, da paciente, que estava dando à luz.

Quando o caso veio à tona houve certo torpor no ar. As pessoas que tomaram conhecimento sequer acreditaram que tal fato pudesse ocorrer, algumas até imaginando que seria algum tipo de fake news de péssimo gosto, o que não era.

Nossa sociedade está sendo gradativamente corroída pela falta de valores e princípios básicos do ser humano que convive em sociedade. Parece que há uma revolução comportamental maléfica em andamento, que torna o certo impraticável e o errado algo palatável para uma parte significativa da sociedade.

Não há mais temor a nada, nem a ninguém. O risco e a adrenalina por ele gerada são os combustíveis para mentes aparentemente sãs praticarem as mais vis ações.

De outra feita, a impunidade mostra-se como grande incentivadora dessa e de outras formas de violência. O que até certo tempo era impensável, agora parece corriqueiro.

Sem um freio, viveremos em uma sociedade anárquica e autodestrutiva sem que haja o menor sentimento de culpa por parte das pessoas.

A simples frieza em reproduzir material violento nas redes sociais já demonstra a falta de sensibilidade que permeia nossa sociedade. O conceito ou ideia de que tudo o que é bom é imoral, ilegal ou engorda nunca esteve tão em pauta como hoje.

Se não começarmos a medir nossas ações, e a adotar o certo, não o fácil ou politicamente correto como parâmetro de conduta, estaremos condenando nossa existência em sociedade.

A par disso, até o poder público age de forma destemperada, adotando medidas casuístas sem qualquer receio de repulsa da sociedade, porque alicerça suas ações em razões diametralmente opostas àquelas que verdadeiramente fundamentam seus atos.

Líderes políticos e governantes escolhem seu lado por mera conveniência eleitoral, muitos deles desprezando a ética, a moral e os bons costumes. Pode parecer antiquado e chato falar em bons costumes, mas a realidade nos mostra que estão em falta.

O respeito pela vida humana, pela imagem das pessoas, família e privacidade se perdeu em meio à tentação de obter mais “likes” nas redes sociais, talvez pela geração de milionários que essas mesmas redes têm produzido com toda a sorte de absurdos. Tudo pelo dinheiro.

E dessa forma a violência, o mal, ganha corpo em nosso meio, consumindo a todos gradativamente, seja pelas más ações consentidas ou pela indiferença diplomática, que se traduz na omissão em reagir a elas.

Mais do que palavras, é preciso termos ações corretas, sobretudo daqueles que têm algum papel de destaque na sociedade. Faltam-nos bons exemplos. Aliás, nunca fomos tão carentes deles.

Será que isso é a evolução da raça humana? Tornar tudo um emaranhado indecifrável, no qual vícios e virtudes se mesclam, com abusos de todo tipo?

Cafona, antiquado ou conservador, me recuso a aceitar como normal certos fatos que ocorrem em nossa sociedade.

O convívio social requer limites, balizas que coíbem excessos, sem tolher a liberdade sã das pessoas. Somos livres para termos nossas opiniões e expressá-las a qualquer tempo, assim como temos liberdade de sermos, perante o mundo, como quisermos, mas não temos o direito de ofender ao próximo levianamente, simplesmente porque não gostamos do que diz, da cor de sua pele ou da opção sexual ou política. Também não temos o direito de usar nossas diferenças como meio de afronta a quem quer que seja, com fútil e desnecessária exposição, simplesmente para firmar uma posição que, no mais das vezes, é secundária diante do caráter, honradez e capacidade.

Isso é um como um chamado, uma busca da barbárie em pleno século XXI. Limites podem ser chatos, mas são necessários quando se vive em sociedade, assim como a certeza da repulsa social e da punição, quando necessário.

A propósito, a punição tem como fundamento a repulsa social em relação a uma conduta. Se a sociedade é extremamente permissiva, se derrete o fundamento da repreensão ou punição. A sociedade torna-se, então, geradora de todo o tipo de aberrações com as quais ela mesma, por seu rumo torto, não saberá como lidar. Pensemos a respeito.

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Sobre José Vieira 195 artigos
Professor, Jornalista, Bacharel em Direito(com OAB), Servidor Público, Pós-graduado em Direito da Comunicação Digital, MBA em Gestão Pública, Pós-graduado em Direito Administrativo

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