Não é de hoje que surgem candidatos que se elegem para cargos públicos utilizando como base de suas propostas a religião.
É uma mistura perigosa, válida para segmentos específicos da sociedade , que têm potencial para eleger, principalmente, parlamentares.
O risco maior está, no entanto, para a disputa de cargos majoritários, como é o caso da presidência da república e governos estaduais e municipais.
Estes cargos têm muito poder concentrado e posturas discriminatórias como esta podem gerar um desequilíbrio social imenso, sobretudo em um país com a diversidade cultural, étnica e religiosa que o Brasil possui.
Chega, inclusive, a atentar contra a Constituição Federal, que garante um estado laico e o direito de cada cidadão professar a fé que desejar, desde que o faça de forma não atentatória à própria constituição ou a leis infraconstitucionais.
Da forma como algumas campanhas têm transcorrido, percebe-se a geração de um clima de contenda entre religiões, com a tentativa de preponderância de uma sobre a outra, o que seria ridículo, não fosse legal e socialmente trágico.
A religião é um caminho extremamente individual, um direito personalíssimo do indivíduo, o qual não deve satisfações a ninguém, só à lei, que no caso do Brasil, o assegura a todo cidadão.
Utilizar algo tão pessoal para dividir pessoas e gerar instabilidade e medo na sociedade é um recurso mesquinho, medíocre e até higienista, que a história mundial já mostrou, fartamente, que nunca termina bem.
É preciso salientar que um governante não deve colocar sua religião ou preferências acima da multiplicidade religiosa, cultural ou étnica de seu país, estado ou município.
Quem se propõe a governar deve fazê-lo consciente de que exercerá o poder em nome e em benefício de todos os cidadãos, tomando por base os laços e necessidades comuns a todos.
Afinal, uma democracia não comporta atitude diferente.
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